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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

como criar um futuro Sociopata
(por Dr. James Kimmel, Ph.D.)

“As sociedade para prevenção da crueldade contra bebês e crianças se preocupam apenas os tipos mais grosseiros de abuso. Nossa sociedade precisa ser ajudada a ver a gravidade de crimes contra a infância que hoje são considerados um tratamento normal” (Jean Liedloff, The Continuum Concept1)
Definições: (do dicionário Webster)
Antissocial:
  1. Não sociável
  2. Perigoso ao bem estar de outras pessoas
Associal:
  1. Evita o contato com outras pessoas
  2. Egoísta 
Personalidade Psicopata:
  • Pessoa caracterizada por instabilidade emocional, falta de julgamento social, perversão e comportamento impulsivo (muitas vezes criminosp), inabilidade para aprender com a experiência, sentimentos amorais a e associais, e outros defeitos de personalidade.
Sociopata:
  • Uma personalidade psicopata com comportamento agressivo e antissocial. 
Nós vivemos em uma sociedade que rapidamente está se tornando uma nação de sociopatas. A razão disso não é a perda de valores familiares. Nem é a consequência de pais que sejam eles mesmo indivíduos sociopatas ou emocionalmente perturbados. Ao contrário, a causa é forma convencional, porém anormal, pela qual criamos as nossas crianças. Desde o momento do nascimento, as crianças são privadas daquilo que os seres humanos evoluíram para possuir – o cuidado natural e prolongado da sua espécie. Nós – pais, comunidade e governo – não cumprimos o compromisso a que as crianças têm direito desde o seu nascimento. Nós trazemos crianças ao mundo – mas não aceitamos a responsabilidade de cuidarmos delas.
Em nossa falta de compromisso para com as nossas crianças, nós as privamos do apego e contato humanos que é sua “expectativa” genética e biológica ao nascerem. Nós lhes negamos a experiência biológica de maternagem que é a base da socialização humana, e, comumente, dividimos os seu cuidados com estranhos que têm ainda menos compromisso para com elas do que nós mesmos. Por não serem a nossa prioridade, o melhor que alguns de nós podem fazer é lhes dar é “tempo de qualidade”. Numa nação de indivíduos onde a maior prioridade é o “eu”, nós consideramos o cuidado para com os outros, inclusive com os nossos próprios filhos, como um autosacrifício e perda do “eu”. Nós pedimos por mais e melhores creches, mas não pelo tipo de ajuda que nos possibilitaria ficar em casa e cuidarmos dos nossos filhos. Tampouco nosso governo oferece auxílio financeiro, como outras nações fazem, que permita a ao menos um dos responsáveis ficar em casa para cuidar do bebê. (Nota da blogueira: nesse ponto acho q seria importante incluir uma nota explicado que alguns países, como EUA, não dão nenhum tipo de licença maternidade, enquanto outros europeu concedem licenças de até 2 anos).
O fato de uma nova vida humana não ser nossa prioridade, indica que a vida humana em si não é nosso principal valor. A forma pela qual respondemos aos nossos bebês, mesmo quando os valorizamos, sugere que não sabemos como lhes transmitir a noção de que são realmente valiosos. Simplesmente não somos amigáveis para com a nova vida que criamos.
A forma como cuidamos de bebês e crianças é, de fato, sociopata de uma forma agressivamente antissocial e associal. É uma prática comum forçar os bebês longos períodos de tempo sozinhos em seus berços, a dormirem sozinhos e ignorar o choro deles, para que eles nos deixem em paz e aprendam a aceitarem ficarem sós. Dar palmadas, bater e castigar crianças é um método amplamente aceito de ensinar as crianças a se comportarem. Se tratássemos outro adulto da forma como normalmente tratamos nossas crianças, estaríamos sujeitos a processos judiciais. Impor a própria vontade sobre alguém é considerado um crime em nossa sociedade. No entanto, em relação às crianças, é algo ativamente encorajado. Donde só podemos concluir que crianças não são vistas como pessoas.
Em nosso esforço para fazer as crianças se comportarem como nós desejamos, utilizamos métodos de controle que são culturalmente condenado como formas de violência. Baseados na nossa antiga crença tradicional de que as crianças são uma espécie de propriedade, nós as tratamos como objetos a serem manipulados e moldados na direção que for mais confortável para nós.
Peter e Judith Decourcy expressaram nossa percepção social sobre as crianças na seguinte passagem:
“De muitas formas, não pensamos nas crianças como pessoas com os mesmo direitos e privilégios dos adultos. Punição física e humilhação psicológica  são considerados métodos aceitáveis para se controlar o comportamento das crianças. Crianças comumente são punidas com uma variedade incomum e engenhosa de métodos, que não seriam tolerados na mais retrógrada prisão adulta, ainda assim os pais não estão sujeitos à censura social ou interferência legal. É como se as crianças fossem objetos, propriedades dos pais, para serem usadas conforme eles queiram.” 2
“O ponto mais estranho e irreal de nossas crenças sobre a criação de filho é que nosso comportamento antissocial para com elas é supostamente destinado a torna-las pessoas sociáveis e cuidadosas. Estamos cegos ao fato de que a relação entre pais e filhos é a primeira e mais importante relação social, que modela a interação da criança com os outros. Nossas crianças são influenciadas em seu desenvolvimento principalmente por aqueles que somos em nosso relacionam com ela, não por aqueles pensamos ou gostaríamos de ser. Como disse Theodore Schwartz, ‘o importante na transmissão cultural não é tanto o que ensinamos ou não às crianças, mas a forma como as coisas se passam com elas, e as atitudes das pessoas com quem mais interagem’” 3
Nós agimos em relação às nossas crianças de formas similares às de uma personalidade sociopata. Nos comportamos em reação a elas de forma que frequentemente é emocionalmente instável, perversa e impulsiva. Ao lhes negar amor e afeto, ao puni-los para que se comportem, nos comportamos de modo amoral e associal (às vezes criminoso). Em nossa crença de que a forma como nos comportamos para com eles os tornará indivíduos sociáveis é desprovida de juízo social. Nossa relutância em mudarmos as formas de nos relacionarmos com as crianças, embora sejamos continuamente confrontados pelo nosso fracasso em mudar o comportamento delas, indica que nós (enquanto nação, bem como enquanto pais) somos incapazes de aprender com a experiência. A seguirmos nossa forma tradicional de puericultura e criação de filhos, involuntariamente estamos treinando nossos filhos a se ternarem sociopatas.
Nem todos nós nos comportamos como sociopatas. A maioria de nós não é de criminosos. Mas muitos de nós somos sociopatas na forma como nos relacionamos com nossos filhos. Não por que sejamos indivíduos fora do normal. Nós somos o normal. Somos pais saciopatas devido às nossas tradições de criação de crianças, às nossas experiência enquanto crianças, à nossa cultura, ao nosso governo e a muitos de nossos especialistas em cuidados com as crianças, que nos encorajam a sê-lo.

Liedloff, Jean. Continuum ConceptReading, MA: Addison-Wesley Publishing Co., 1986. 
2 Decourcy, Peter and Judith. A Silent Tragedy: Child Abuse in the Community. New York: Alfred Publishing.  
3 Schwartz, Theodore, "Socialization as Cultural Transmission." Berkeley: University of California Press. As quoted in: Nanda, Serena, Cultural Anthropology, Third Edition. Belmont, CA: Wadsworth Publishing, 1987, p.131.

Tradução: Taicy Ávila
Revisão final: Andréia Stankiewicz