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segunda-feira, 26 de março de 2012

Sinais de prontidão: “Meu filho está pronto para o desfralde?”

(por T. B. Brazelton e J. D. Sparrow)
O processo de desfralde é um momento muito aguardado pelos pais, e pode ser um passo importante no desenvolvimento da autonomia das crianças. Mas para que ele seja de fato uma experiência positiva, é preciso sempre respeitar as necessidades e o ritmo das crianças:
“Nem sempre nos damos conta do que estamos pedindo das crianças pequenas quando queremos que deem adeus às fraldas. Primeiro, elas devem sentir um movimento intestinal em curso. Então devem conter esse movimento, ir aonde lhes dizem para ir, sentar-se – e fazer. Então, dar a descarga. Depois disso tudo, elas têm que assistir aquilo desaparecer para sempre. Nunca mais verão aquela parte delas novamente! Que exigência grande para ser feita a uma criancinha exatamente quando ela está tentando entender a si mesma!” (p. 21)
A vivência precoce das trocas de fraldas, desde que o bebê é apenas um recém nascido, é um primeiro passo para que o futuro processo de desfralde seja um prazer, e não uma briga. Por isso ele destaca os principais pontos nesse processo desde os 2 meses até os 18 meses de idade. Eles são os seguintes:
  • Dois meses: “As atitudes dos pais sobre o corpo e a troca de fraldas tendem a ser expressas – e vivenciadas pelo bebê – a cada uma dessas interações. Essas são oportunidades precoces para estabelecer padrões positivos, momentos importantes para os pais e para a criança aprenderem uns sobre os outros.” (p. 33)
  • Cinco meses: os bebês já são muito mais ativos, por isso jamais devem ser deixados sozinhos sobre o trocador. A interação com os pais aumenta a cada dia.
  • Sete a oito meses: “Agora, a ansiedade com estranhos está no auge – quando os bebês ficam mais conscientes da presença de outras pessoas e agarram-se mais forte do que nunca aos pais para se tranquilizarem. Esse desafio novo tende a dar uma importância nova aos momentos de intimidade (nota da blogueira: como o da troca de fraldas) - uma maneira de se refazer e de ficar pronto para ganhar o mundo!” (p. 36)
  • Dez a doze meses: o bebê está muito mais independente, já pode dar os primeiros passos sozinho. Toda essa autonomia poderá transformar o momento de troca de fraldas num desafio, pois a criança não desejará ficar inerte enquanto o adulto a limpa, por isso é importante fazer desse momento o mais lúdico e cooperativo o possível. Embora seja comum uma certa expectativa em torno do inicio do desfralde, assim que a criança completa seu primeiro ano de vida, o autor desaconselha essa atitude: “Alguns consideram que os pais na nossa cultura poderiam começar mais cedo (nota da blogueira: antes dos 2 anos de idade) e ter êxito. Com frequência podem estar certos. Mas, no primeiro ano, não há como saber quais crianças terão êxito e quais não. Algumas não estarão prontas para essa abordagem precoce, e os fracassos podem ser humilhantes para elas. Esses fracassos – quando as crianças são pressionadas antes de estarem prontas para terem êxito – tendem a resultar em problemas sérios mais tarde como a constipação, falta de flexibilidade dos movimentos intestinais e enurese.” (p. 39)
  • Dezoito meses: “A emoção de caminhar e de ser independente é tão avassaladora para uma criança que esse certamente não é o momento de os pais esperarem que ele tenha qualquer interesse em se sentar onde quer que seja – especialmente no vaso sanitário.” (p. 39)
Por volta dos dois anos de idade a criança começa a demonstrar interesse pelo uso do vaso sanitário, procurando, por exemplo, imitar os pais quando os veem fazendo uso do toalete. Esse pode ser um bom sinal de que a criança poderá começar o treino do esfíncter. O autor descreve sete sinais de maturidade da criança para o uso do toalete (pp. 41- 44). E alerta para o fato de que o processo de desfralde só deverá ser iniciado quando a criança demonstrar todos esses sete sinais. Eles são:
  • 1) Ela não está tão excitada por caminhar ou ficar de pé o tempo todo. Ela já fez progressos aos caminhar, se equilibrar e até mesmo correr. E agora já começa a ficar mais interessada em permanecer sentada pra usar os dedos e fazer coisas interessantes com eles: desenhar, pintar, modelar massinha, usar os talheres e... sentar no penico para fazer xixi.
  • 2) As crianças já têm linguagem receptiva. Ou seja, compreendem as palavras que escutam. E também são capazes de lembrar aquilo que os adultos lhe dizem e traduzir os comandos dados por eles em ação. Por exemplo: “Vá ao seu quarto e traga um livro para lermos juntos”. Ou “Vamos ao banheiro fazer xixi”.
  • 3) Ela pode dizer: “Não!” Em outras palavras, ela precisa da capacidade para tomar suas próprias decisões acerca de estar pronta ou não. Não a pressione antes que ela saiba como lhe dizer se está pronta. Quando ela puder protestar com palavras ao sentir necessidade de defender a sua vontade será capaz de sentir que ficar sem as fraldas é algo seu.
  • 4) Ela começará a colocar as coisas no lugar delas. A criança já é capaz de ajudar a guardar objetos, como os seus brinquedos, no seu lugar adequado, e também a identificar os proprietários de cada coisa: o que pertence ao papai, à mamãe, ao irmão... e também será capaz de compreender o penico como um lugar adequado para os seus “produtos”.
  • 5) Ela imita o seu comportamento. O interesse e a capacidade de imitar os gestos e atitudes dos pais ou de outras crianças mais velhas é um incentivo precioso para que a criança vá usar o vaso “como a mamãe e o papai”. Em função das crianças dessa idade observarem tão minuciosamente o comportamento dos adultos, elas já sabem como os adultos lidam com o xixi e o cocô, e querem muito ser iguais a eles, A pressão  direta para que usem o sanitário, por tanto, não apenas é desnecessária, como também pode fazer as coisas parecerem desesperadoras.
  • 6) A criança começa a urinar e a ter movimentos intestinais em horários mais regulares. Pode, por exemplo, sempre urinar ou evacuar após as refeições. Ou acordar seca após as sonecas.
  • 7) Ela se conscientiza do próprio corpo. Devido à maior consciência corporal, a criança poderá começar a avisar quando quer fazer ou está fazendo cocô ou xixi, pode avisar ou sentir-se incomodada com as fraldas molhadas, começa a nomear as partes do corpo e suas funções.
Assim como há os sinais de que a criança tem maturidade para iniciar o processo de treino de esfíncter, também há os sinais de que a criança NÃO está pronta para o desfralde (p. 50). Uma criança não está pronta se ela:
  • 1) fica no penico e depois faz xixi no chão.
  • 2) não quer que sua fralda seja tirada, gritando e lutando quando os pais o tentam.
  • 3) tira as fraldas e então faz cocô no chão.
  • 4) pavoneia-se ao redor com passos largos e, então, senta-se com as fraldas cheias de cocô. Ela não parece desconfortável, mas jubilosa.
  • 5) sai para se esconder em um canto ou em um armário, onde possa ser escutada resmungando enquanto faz cocô.
  • 6) diz “não, não, não” se os pais comentam que ela parece estar pronta para fazer cocô.
  • 7) mostra resistência para usar o penico ou a privada.
FONTE:
Extraído, resumido e adaptado por Taicy Ávila do livro: BRAZELTON, T. B; SPARROW, J. D. . Tirando as fraldas: o método Brazelton. Porto Alegre: Artemed. 2005.

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