SEJAM BEM VINDAS, MAMÃES!

sábado, 31 de março de 2012

8 COISAS QUE APRENDI EDUCANDO SEM PALMADAS

(Por Tatyana Marion Klein)
Quase 10 anos – A história de uma educação sem palmadas.
Resolvi fazer este texto, relatando os diversos aprendizados que tive, ao longo desses quase 10 anos (minha filha faz 10 em julho). Aprendizados que recebi aqui na "Pediatria Radical", que li em livros, em blogs, filmes, conversas com amigos e, principalmente, LEMBRANDO DE MINHA PRÓPRIA INFÂNCIA E OBSERVANDO MINHA FILHA, e até mesmo pelos exemplos negativos que tive de como NÃO educar uma criança.
Para mim, aprender a educar SEM PALMADAS foi/é tão gratificante, que eu me sinto na obrigação de compartilhar o que aprendi.
·         Aprendizado 1: ASSUMA O PAPEL DE PAI/MÃE.
Essa é, sem dúvida, a primeira coisa que se deve fazer quando se pretende educar um filho: assumir o papel de educador.
Não importa se o dia foi estressante, se você está de TPM, se a criança está birrenta, se a criança ainda não fala, se você não sabe o que fazer pra contornar um conflito ... Você (pai/mãe) é quem deve ter maturidade, você (pai/mãe) é quem tem o controle da situação, você (pai/mãe) é que se permite perder o controle. A responsabilidade é sua.
Assumir o papel de pai/mãe é também colocar a criança no seu papel, qual seja: de CRIANÇA.
Portanto, por mais óbvio que isto seja, algumas pessoas não se atentam pra essa obviedade:
Pai/Mãe é Pai/Mãe = adultos, que devem agir com maturidade e que tem o direito/obrigação de cuidar e educar os filhos.
Filho é Filho = Criança, imatura, em processo de desenvolvimento, que tem o direito de ser cuidada e educada pelos pais.
·         Aprendizado 2: CONHEÇA UM POUCO SOBRE DESENVOLVIMENTO INFANTIL.
Você não precisa ser expert em psicologia ou entender as teorias de Freud (que, aliás, são controversas). Mas procure ter conhecimentos básicos do desenvolvimento infantil, como os saltos de desenvolvimento, crise dos 8 meses (angústia da separação), terrible twos, a angústia causada pela noção da morte (por volta dos 6 anos), etc.
Ter conhecimento sobre a fase que seu pimpolho está passando ajuda enormemente a entender muitas de suas atitudes. E assim, entendendo as atitudes dos nossos pequenos, fica muito mais fácil lidar com elas. Além de evitar que tenhamos interpretações completamente errôneas como “esse bebê só quer colo porque está mimado”, ou “essa criança fica me testando o tempo todo”, etc.
·         Aprendizado 3. CRIANÇA É CRIANÇA
Esse aprendizado está muito interligado ao aprendizado anterior (“Conheça um pouco sobre o desenvolvimento infantil”).
Criança vê o mundo de forma diferente dos adultos.
Portanto, não interprete as atitudes dos pequenos como você interpretaria a mesma atitude praticada por um adulto.
Por exemplo, se um adulto diz, de forma proposital, algo que não condiz com a realidade = isso se chama mentira. Já, quando uma criança pequena diz algo que não condiz com a realidade = isso não é uma mentira (pode ser uma confusão que ela faz entre o pensamento e a realidade, ou pode ser a resposta que ela pensa ser a “resposta certa” que os pais estão esperando ao ser questionada sobre algo, etc).
Assim, um adulto falar algo que não condiz com a realidade é MUITO DIFERENTE de uma criança falar algo que não condiz com a realidade.
Além disso, como já foi dito anteriormente, crianças tem suas fases. Eu sei, é chato quando ouvimos “isso é fase, vai passar”. Mas é a mais pura verdade e devemos levar em consideração a fase que a criança está para interpretar suas atitudes.
Outro exemplo de atitude equivocadamente interpretada por muitos adultos, eu falarei nos aprendizados a seguir:
·         Aprendizado 4: CRIANÇA PEQUENA NÃO TEM CAPACIDADE PARA OBEDECER – AS ATITUDES DEVEM VIR DOS ADULTOS.
É isso aí gente: criança pequena NÃO OBEDECE. Ponto.
Ter consciência de que criança pequena não tem capacidade para obedecer foi um dos melhores aprendizados que eu já tive e que mais me ajudou.
Esperar que uma criança de 3 anos obedeça é tão inútil quanto pedir para um bebê de 7 meses trocar a fralda sozinho.
Ter consciência de que a criança não tem capacidade para obedecer e, portanto, não te obedecerá, evita uns 50% de estresse no dia-a-dia.
E por que a criança não obedece? Simples, porque ela ainda não tem essa capacidade. O cérebro dela sequer está completamente formado para que ela seja capaz de conter seus impulsos.
Muito pelo contrário, nas crianças pequenas, são seus impulsos, suas vontades, seus desejos, que a controlam.
Além disso, a criança mantem uma relação muito forte com o objeto de desejo, com o que quer fazer.
Quando uma criança quer algo, ela QUER, sai de baixo. Ela QUER com todas as suas forças. E fica obcecada pelo objeto de desejo. Grita, esperneia, chora, berra, etc. Assim, se ela QUER muito fazer algo e você disser pra ela não fazer tal coisa, ela não vai te obedecer.
Portanto, esqueça a obediência. Criança NÃO tem que ser OBEDIENTE. Criança precisa ser EDUCADA.
E como se educa a criança a ter controle sobre si própria? Da mesma forma que a gente deve educa-la a trocar de roupa sozinha. Ou seja: primeiro a gente faz por ela (o adulto é que troca a criança), depois a gente passa a ajuda-la a fazer (a gente ajuda a criança a se trocar)e, depois, então, ela passará a fazer sozinha (a criança aprende se trocar sozinha).
É basicamente a mesma coisa.
Portanto, para ensinar a criança a conseguir ter autocontrole, inicialmente, são os pais que devem fazer isso por ela.
Cabe ao adulto, através de atitudes, IMPEDIR COM QUE A CRIANÇA FAÇA O QUE NÃO PODE. E, da mesma forma, cabe aos adultos, através de atitudes, LEVAR CRIANÇA A FAZER O QUE DEVE SER FEITO.
Desta forma, se a criança quer brincar com uma faca: a responsabilidade é sua (adulto) de retirar a faca da criança. Se a criança quer permanecer em algum local perigoso, a responsabilidade é sua (adulto) de retirá-la do local. Se a criança não quer escovar os dentes, a responsabilidade é sua (adulto) de levá-la a escovar os dentes. Se a criança está subindo em cima de um sofá na casa de uma visita, a responsabilidade é sua (adulto) de impedir tal fato. A responsabilidade é sempre sua. É você, adulto, que vai controlá-la.
Com o passar do tempo, a criança vai criando autocontrole, e aí você vai passar a ajudá-la neste autocontrole. Até que, então, a criança conseguirá se controlar sozinha.
Aqui, podemos retomar os aprendizados anteriores: Assuma o papel de pai/mãe; Conheça um pouco sobre desenvolvimento infantil e Criança é criança.
·         Aprendizado 5. NÃO SE COLOQUE NA POSIÇÃO DE DESAFIADO
Esse aprendizado é uma consequência dos aprendizados anteriores, como veremos:
Levando-se em conta que os pais é que estão sempre no controle da situação, que não devemos interpretar as atitudes de uma criança da mesma maneira que interpretamos a mesma atitude em um adulto, que a criança é um ser em desenvolvimento e que tem direito e receber cuidados e educação de seus pais, e ainda, considerando que a criança não tem capacidade para obedecer, chegamos à conclusão que CRIANÇA NÃO TESTA OS PAIS, SENDO OS PAIS QUE SE COLOCAM ERRONEAMENTE NO LUGAR DE TESTADOS.
Vamos imaginar a cena: Você está na casa de uma visita e seu filho de dois anos vai em direção a um lindo enfeite de cristal. Talvez o objeto tenha chamado a atenção do pequerrucho pela forma, ou pelos feixes de luz que reflete, ou sabe-se lá porque. Fato é que a criança vai ao encontro daquele valioso e delicado artefato. A mãe, vendo o perigo da situação, grita: “Filho, não mexa aí!”. A criança obedece? Se a criança quiser muito tocar naquele objeto, provavelmente ela irá se virar para a mãe e, olhando nos olhos da mãe, pega o objeto.
Ora, se você disser pra um adulto não pegar tal coisa e, ainda assim, ele pegar. E pegar o objeto olhando pra você, certamente isso é um desafio. No entanto, não é dessa forma que deve ser interpretada a mesma atitude, se praticada por uma criança.
A criança te “desobedece” pelo simples fato de que ela não é capaz de obedecer (lembra?) Ela não é capaz de fazer aquilo que ela está com vontade (São as vontades, os impulsos e os desejos que a controlam, lembra disso também?) Ela sabe que aquilo é errado e que aquilo vai gerar uma atitude negativa nos pais (talvez é por isso que a criança já faz a coisa errada olhando para os pais. Ás vezes até com uma cara feia. Esperando e se preparando para a bronca). No entanto, por mais que ela saiba que aquilo que ela está fazendo é errado, ela não tem condições de não fazê-lo. Portanto, não interprete essa atitude como desafio. Interprete essa atitude como IMATURIDADE. Afinal, é disso que se trata.
Interpretar a atitude de desobediência como desafio por parte da criança é bem perigoso e poderá causar dificuldades lá na frente.
Explico porque: Crianças veem as coisas de acordo com o olhar dos pais.
Por exemplo: se os pais veem uma atitude agressiva normal, a criança passará a achar esta atitude agressiva normal também.
Portanto, se os pais veem a atitude da criança em desobedecer numa atitude desafiadora, a criança também passará a ver a desobediência dela como uma atitude desafiadora.
Agora pense na insegurança que isso poderá gerar numa criança?! Justamente os pais, muito maiores e mais velhos que ela, que deveriam ser mais maduros e mais inteligentes, e que deveriam cuidar, mostrar o certo e o errado, e que deveriam estar no comando, passam a se sentir “ameaçados”, desafiados, por ela, um serzinho muito menor. Isso gera uma insegurança tremenda na criança, fazendo com que ela sinta necessidade (aí sim) de desafiá-los, pra verificar se eles realmente estão no comando (se ela realmente poderá ser cuidada).
E antes, o que apenas era imaturidade, passa a ser, de fato, desafio.
Deste modo, não é a criança que te desafia, são os pais que se colocam na posição de testados.
Ora, não seja um(a) pai/mãe banana, se colocando na posição de testado por uma criança de 2,3 anos de idade.
Se você olhar a situação de desobediência tal como ela é (falta de maturidade, - falta de autocontrole), tais atitudes da criança serão vista por ela mesma dessa forma. E então, além dela não ter necessidade alguma de passar a testar os pais (ela está segura e sabe que os pais tem condições de cuidá-la, pois não se sentem ameaçados e se posicionam como educadores, no comando da situação) fica mais fácil ela aprender a se autocontrolar.
E, logo, logo, ela passará a “obedecer”. Ou melhor, ela conseguirá, sozinha, controlar seus impulsos.
Lembre-se dos aprendizados anteriores: Assuma o papel de pai/mãe. Tenha plena consciência de que você é que está no comando. Interprete as atitudes de criança como atitudes de criança. Se colocando dessa forma, a criança se sente segura, não precisará testar nada e vai aprender o que interessa: ter autocontrole.
·         Aprendizado 6. APRENDA A DIALOGAR, CONSTANTEMENTE.
É muito comum ouvirmos falar “Conversa não adianta” Ou: “Já tentei de tudo, mas ele não me ouve.”
Isso non ecziste!
O que existe é que você, pai/mãe, não aprendeu a dialogar.
Taí um dos grandes motivos pelos quais sou contra palmadas: palmadas impedem com que os pais e filhos APRENDAM a dialogar. Dialogar é um aprendizado, que deve ser revisto constantemente, pois a forma de dialogar vai mudando conforme o desenvolvimento da criança. Dialogar com um bebê de 1 ano, é diferente de dialogar com um de 3 anos, que é diferente de dialogar com uma criança de 5 anos, de 7 anos, com um pré-adolescente de 10 anos e por aí vai ...
Além disso, para aprender a dialogar, são necessárias várias outras atitudes dos pais, sendo que todas elas ajudam a criar um maravilhoso vínculo entre pais e filhos e ajudam no bom desenvolvimento da criança.
Portanto, a palmada, além de impedir esse aprendizado – de diálogo entre pais e filhos – ela impede também com que ocorra tudo que está por trás desse aprendizado do diálogo. Não sei se estou conseguindo explicar o que eu quero dizer, mas é basicamente isso: a palmada evita o processo de aprendizado do diálogo. Mas não é só o diálogo que fica prejudicado, mas tudo que está por trás par alcançar este diálogo com a criança.
E, pra aprender a dialogar é necessário, antes de tudo, aprender a OUVIR.
É necessário ter EMPATIA, se colocando no lugar da criança, observando a fase em que ela está, sua imaturidade, as mudanças que ela pode estar passando na sua vidinha, etc.
É necessário dar atenção ao filh@. É necessário observar a criança. É necessário ter tempo com a criança. É necessário aprender como você consegue ser ouvido pela criança.
E é necessário criar uma relação muito forte com a criança, uma relação de afeto, de carinho, de respeito, de confiança.
E a forma de dialogar com a criança vai depender de cada família, de cada criança, e da idade dela (da fase que ela está passando).
Por exemplo, eu acredito que a melhor forma de falar aos bebês o que pode e o que não pode é através de atitudes dos pais (como descrito no aprendizado 4). Ou seja, a forma como você demonstra à criança pequenininha o que é certo e errado é através de atitudes. O diálogo se dá através de atitudes dos pais, principalmente.
Depois, quando minha filha era pequena (até os 3/4 anos), conversávamos através de historinhas. Eu ia contando uma historinha, utilizando como enredo situações que ela tinha passado, mas com personagens fictícios, e ela ia completando a historinha junto comigo, ou seja, se manifestando.
Outra coisa importante, é demonstrar os valores, sempre que possível. Por exemplo, você está assistindo um filme ou novela, a criança passa na sala bem num momento em que um personagem dá um tapa em outro. Se manifeste! Demonstre o quanto aquela atitude é errada. Diga coisas como “Nossa! Que horror!” ou “Que coisa horrível isso de alguém dar um tapa em outra pessoa!” Isso vale também para situações que você vê na rua, como, por exemplo, quando você vê alguém jogando lixo no chão.
Crianças são ligadíssimas ao que acontece ao redor. Portanto, não deixe passar batido.
Outra coisa bacana é dar exemplos de quando você era criança (elas prestam a maior atenção pra saber de como nós, pais, éramos quando criança).
Também aprendi a não ter grandes conversas nas horas das birras e estresse. A criança vai ficar na defensiva e não vai adiantar. Na hora da birra ou da “discussão” seja objetivo, sem muito blábláblá. Depois, numa hora calma, num momento de tranquilidade, em que ambos estejam de bom humor, relembre o ocorrido, de forma tranquila e na boa, e reforce a mensagem que você quer passar. Escute o que a criança tenha a dizer e exponha sua opinião. Você vai se surpreender em como, nessas horas, a criança realmente te escuta e até pede desculpas.
Costumamos ter conversas com minha filha à noite. Perguntamos se ela quer falar alguma coisa, se algo a está incomodando. Ela também nos pergunta se queremos falar alguma coisa sobre nosso dia, etc.
Tenho um casal de amigos com dois filhos que fazem “reuniões” semanais. Mas é possível solicitar uma “reunião” quando sentir necessidade. Cada um expõe o que quiser e sempre que um membro fala, os outros devem prestar atenção. Achei a ideia interessante ...rsrsrsrsrsr...
Outras famílias conversam sobre o dia durante a janta.
Sabe, eu me pergunto se todas famílias praticam isso: sentar e conversar.
Devo ressaltar também que, nesta questão do diálogo, não há regras gerais e imutáveis, sendo que a melhor forma de EU dialogar com MINHA filha, talvez não seja a melhor forma de diálogo entre VOCÊ e SEU filho. Isso vai depender de cada família, de cada criança. Por isso, é necessário cada pai/mãe observar seu filho e aprender a dialogar entre si.
Sim, dialogar funciona!
·         Aprendizado 7. RECONHEÇA E LEGITIME O SENTIMENTO, CRITIQUE A ATITUDE NEGATIVA
Este é um aprendizado que devemos ter não só com as crianças, mas também com os adultos e também com nós mesmos.
Negar os sentimentos “ruins” é prejudicial, além de ser totalmente inútil.
Somos seres humanos, e, como tal, temos todos os tipos de sentimentos, inclusive sentimentos não muito nobres, como tristeza, raiva, ciúmes, inveja, etc.
Como escreveu Clarice Lispector: “Pensar é um ato, sentir é um fato” (Sim, essa frase é da Clarice Lispector).
E é isso que ocorre conosco: temos sentimentos ruins e não temos controle sobre eles.
Imagine você falando para uma criança: “Não precisa ter medo de trovão”
Ok, precisar não precisa, mas como faz pra não ter medo?
“Não fique triste”, “É feio ter inveja”, etc.
Adianta falar esse tipo de coisa?
A criança apenas vai se sentir mal por sentir o que não é pra sentir, além dela não receber qualquer orientação em como proceder diante daquele sentimento ruim.
Portanto, ajude a criança a reconhecer e a manifestar verbalmente o sentimento e a oriente.
Por exemplo: “Tudo bem você ficar com raiva porque eu não fiz tal coisa, mas não grite e não bata a porta. Eu não admito que você grite comigo. Se acalme. Quer um copo d´água pra se acalmar? Quer ficar um pouco no seu quarto?”
Ou: “Eu entendo que você fica chatead@ quando está perdendo um jogo. É normal. Ninguém gosta de perder. Mas você não pode parar de jogar só porque está perdendo. Vai jogar até o fim e continuar tentando vencer.”
Demonstre pra criança que tudo bem sentir assim ou assado, mas o que importa são as atitudes. Assim, você a ajudará a aprender a reconhecer os seus sentimentos e a lidar com eles, de um modo civilizado.
Por exemplo, sabemos que crianças podem agir de forma agressiva, ou com manhas e birras, ou até mesmo fazendo xixi na cama quando algo as incomoda (muitas vezes nem elas mesma sabem o que as está incomodando).
Assim, se você ajudá-la a reconhecer os sentimentos, a verbalizá-los e a lidar com eles de forma civilizada, com o tempo, a criança conseguirá reconhecer tais sentimentos e a compreendê-los. E, mais ainda, ela conseguirá manifestar estes sentimentos de forma civilizada, sem precisar fazer manha, birras ou serem agressivas, apenas expondo verbalmente.
É muito melhor, e muito mais fácil lidar com uma criança que chega e diz “Hoje eu estou um pouco nervos@ por causa de tal coisa”, do que com uma criança que sequer consegue entender o que a está incomodando.
A criança precisa se sentir segura para expor o que sente. E precisa ser acolhida, sempre. Não julgue e não menospreze o sentimento dela. E a oriente com relação às atitudes.
·         Aprendizado 8. SEJA SINCERO
Não tenho muito o que falar sobre este aprendizado, pois ele é muito simples. É apenas isso: Seja sincero.
Para crianças terem confiança nos pais é preciso que estes sejam sinceros.
Tenho pavor de promessas que os pais sabem que não irão cumprir, de enganar a criança, essas coisas.
Esse tipo de “enganação” faz com que suas palavras percam o valor. Aí, todo aquele processo de aprender a dialogar com a criança vai por água abaixo.
Portanto, seja sincero.
Além disso, quando você for explicar ou justificar algo para a criança, pense sempre a real necessidade daquilo.
Por exemplo, quando você precisar convencer a criança a tomar banho, pense e diga sobre a real necessidade de se tomar banho. As pessoas não tomam banho para ganhar sobremesa, ou para poderem jogar vídeo-game. As pessoas tomam banho para não ficarem fedidas (vivemos em sociedade) e para não ficarem doentes (terem higiene).
Quando a criança pergunta coisas que você não sabe, não tenha medo em dizer que não sabe.
Bom, por enquanto é isso. Espero que ajude alguém.
Bjs a todos!

NOTA:
Tatyana Marion Klein (36 anos) é advogada, mãe da Luíza Klein (9 anos).
Esse texto foi escrito por ela para a comunidade do Orkut “PediatriaRadical” e está sendo divulgado aqui com a sua permissão. Optamos por manter o texto no mesmo formato original, por isso ele contém expressões e estilo típicos das publicações em redes sociais.

quinta-feira, 29 de março de 2012

MAIS DICAS PARA AJUDAR NO DESFRALDE


Aqui segue uma pequena lista de dicas, técnicas e materiais que podem ajudar no desfralde:
1.    Faça um cartaz para a criança colar adesivos: faça um cartaz ilustrado com fotos de crianças usando o penico (se você usar fotos do seu filho usando penico, será ainda melhor) e coloque num local de fácil acesso para a criança. A cada vez que ela usar o penico com sucesso (fazendo xixi ou cocô) dê-lhe um adesivo para que ela cole no cartaz. Podem ser adesivos de estrelinhas, de “smile” ou do personagem de TV favorito do seu filho. Brinque de contar os adesivos junto com ele, para ver quantos ela já tem. Isso funciona como reforço positivo para que a criança perceba o próprio progresso!

2.    Faça uma tabela para VOCÊ: faça uma grade com os dias da semana e anote nela os progressos e dificuldades do pequeno. Use uma grade por semana e guarde-as durante todo o processo de desfralde. Anote, por exemplo: Quantas vezes a criança fez xixi/cocô no penico? Quantas vezes houve escapes, e ela se molhou/sujou? Ela está prendendo o xixi/cocô? Ela se recusa a usar o penico? Ela pede para usar o penico? Ela já consegue permanecer seca e sem fralda por quanto tempo? Esse é um excelente recurso por dois motivos: Em primeiro lugar, ela ajuda a baixar a nossa ansiedade! Naqueles dias em que você achar que o desfralde do seu filho “nunca” dará certo, poderá se surpreender ao consultar as tabelas, e perceber o quanto ele evoluiu: está ficando mais tempo seco ou fez xixi mais vezes no penico, por exemplo. E também te auxilia a identificas as dificuldades mais frequentes de forma objetiva, para que você saiba o deve abordar primeiro.
3.    Fraldas do tipo “pull up”: já existem no mercado fraldas com esse nome, que se assemelham a uma cueca/calcinha. Elas têm elástico na cintura, e por isso podem ser vestidas e abaixadas facilmente por várias vezes, para que a criança sente-se no penico, como uma cueca/calcinha. Elas também têm desenhos q “desaparecem” quando a criança urina, indicando que ela está molhada. Essas fraldas são especialmente úteis para aquelas pessoas que ficam muito ansiosas ou irritadas quando ocorrem escapes e a criança se molha/suja. Mas têm duas desvantagens: preço elevado (pois são importadas). E a criança pode não perceber quando está urinando, por não se molhar, o que pode dificultar o desenvolvimento da habilidade da criança de perceber os sinais do seu corpo. Por isso, deve ser um recurso usado com parcimônia.
4.    Historinhas infantis sobre o desfralde: compre livrinhos que abordem o assunto do ponto de vista infantil. Você poderá lê-los para a criança antes mesmo de efetivamente começar o desfralde, de forma a começar a abordar o tema de maneira lúdica e sem pressão sobre ela. Quando você começar mesmo a pedir que a criança sente-se no penico, escolha um local do banheiro próximo ao troninho, e ao alcance da criança, para que ela os folheie e se distraia enquanto ela estiver sentada ali.

Segue abaixo uma listagem de alguns livros e DVDs infantis que podem ajudar a tornar o desfralde um momento mais lúdico e prazeroso para a criança:
  • DVD “O Urso da Casa Azul: Crescendo e Aprendendo”: tem um episódio sobre desfralde chamado “Quando você tem que ir”.
  • Livro “Hora do Penico”, editora Salamandra: Tem uma versão em azul “para meninos” e outra rosa “para meninas”. Ricamente ilustrado com fotos de crianças usando o penico/vaso sanitário, vestindo calcinhas ou cuecas, limpando-se e lavando as mãos depois de usar o banheiro.
  • Livro “O que tem dentro da sua fralda?”, de Guido Van Genechten, editora Brinque Book: livro de abas, onde a criança pode abrir as fraldas dos vários personagens e descobrir o que há dentro delas. A fralda do último personagem está vazia, pois ele já sabe usar o penico!
  • Livro “Cocô no trono”, de Bernît Charlot, editora Companhia das Letrinhas: livro sonoro, mostrando vários personagens usando o penico, e com uma das ilustrações onde a criança aperta um botão para dar a descarga e ouvir o seu som.
  • Livro “Da pequena toupeira que queria saber que tinha feito cocô na cabeça dela”, de Werner Holzwarth, editora Companhia das Letrinhas: História muito bem humorada, no estilo “lenga-lenga”, que é muito apreciado por crianças pequenas.

segunda-feira, 26 de março de 2012

O passo a passo para o desfralde.


(por T. B. Brazelton e J. D. Sparrow)
“É mais fácil manter a retirada das fraldas como um processo compartilhado, entre os pais e a criança, quando um passo é dado de cada vez. Cada passo é introduzido quando a criança está interessada. Se o negativismo, que está à flor da pele aos 2 anos, emerge em qualquer ponto do caminho, volte imediatamente ao passo anterior. É possível mesmo que você tenha de voltar ao começo. Tranquilize-se. ‘Quando ela estiver pronta novamente, recomeçaremos tudo. Observarei os sinais de que ela aceita o passo e tem maturidade para o seguinte’. Dessa maneira, você pode deixar que ela o guie. Ela pode entender a ideia contida na retirada das fraldas, mas não confunda isso com maturidade para realizá-la. Assim, é menos provável que você dê com os burros n’água – com a recusa ou retenção.” (p. 51)
            Aqui seguem os cinco passos sugeridos pelo autor para o desfralde diurno:
  • Passo 1:
Leve-o para comprar o próprio penico. A criança precisará de um penico que fique estável no chão – que seja seu, que ela possa puxar pela casa, para colocar sua boneca ou bichinho de pelúcia preferidos sentados quando começar a entender o que os adultos querem que ela faça ali. Converse com ela sobre isso: “Este é seu. Esse é meu e do papai/ da mamãe. Mas você tem o seu e algum dia o usará como nós.”
  • Passo 2:
Se a criança mostrar interesse no seu novo penico deixe-a sentar nele de fraldas ou vestida, enquanto você senta no vaso sanitário. Um assento gelado de penico é um passo muito grande. Só a sente lá quando ela estiver interessada. Leia uma história, invente uma ou cante para ela. Quando ela quiser sair, deixe-a. Você está apenas introduzindo a rotina (faça isso uma vez por dia). É cedo demais para colocá-la no penico sem roupas. Não tente “capturá-la” quando achar que ela vai urinar ou defecar.
  • Passo 3:
Quando ela tiver se acostumado à rotina de se sentar no penico e ficar conversando quando você está no vaso sanitário, comece a leva-la ao banheiro e esvaziar as fraldas cheias dentro de penico, para fazer a conexão entre o penico e os atos de urinar e defecar. Só faça isso se a criança não apresentar resistência em desfazer-se dos seus produtos (fezes e urina) ou “sujar” o seu penico.
  • Passo 4:
Este é um grande passo. Ofereça-se para tirar as fraldas e ficar com o bumbum de fora, ou ficar de cuecas. Coloque o penico do quarto dela. Pergunte se ela gostaria que você a ajudasse a ir ao penico. Surpreendentemente, ela pode ter captado a ideia e estar pronta para usá-lo! Se ela estiver, não perca a oportunidade de ajudá-la! Parabenize a criança depois que ela usar o penico. Mas não fique muito eufórico. Isso pode assoberbá-la e interferir na chance da criança ficar orgulhosa de si mesma.
  • Passo 5:
Se ela estiver realmente envolvida em seu próprio sucesso, em vez de estar tentando impressionar você a cada dia, ofereça-lhe calças que ela possa baixar e levantar sozinha. Então, ela estará no caminho!
FONTE:
Extraído, resumido e adaptado por Taicy Ávila do livro: BRAZELTON, T. B; SPARROW, J. D. Tirando as fraldas: o método Brazelton. Porto Alegre: Artemed. 2005.

Sinais de prontidão: “Meu filho está pronto para o desfralde?”

(por T. B. Brazelton e J. D. Sparrow)
O processo de desfralde é um momento muito aguardado pelos pais, e pode ser um passo importante no desenvolvimento da autonomia das crianças. Mas para que ele seja de fato uma experiência positiva, é preciso sempre respeitar as necessidades e o ritmo das crianças:
“Nem sempre nos damos conta do que estamos pedindo das crianças pequenas quando queremos que deem adeus às fraldas. Primeiro, elas devem sentir um movimento intestinal em curso. Então devem conter esse movimento, ir aonde lhes dizem para ir, sentar-se – e fazer. Então, dar a descarga. Depois disso tudo, elas têm que assistir aquilo desaparecer para sempre. Nunca mais verão aquela parte delas novamente! Que exigência grande para ser feita a uma criancinha exatamente quando ela está tentando entender a si mesma!” (p. 21)
A vivência precoce das trocas de fraldas, desde que o bebê é apenas um recém nascido, é um primeiro passo para que o futuro processo de desfralde seja um prazer, e não uma briga. Por isso ele destaca os principais pontos nesse processo desde os 2 meses até os 18 meses de idade. Eles são os seguintes:
  • Dois meses: “As atitudes dos pais sobre o corpo e a troca de fraldas tendem a ser expressas – e vivenciadas pelo bebê – a cada uma dessas interações. Essas são oportunidades precoces para estabelecer padrões positivos, momentos importantes para os pais e para a criança aprenderem uns sobre os outros.” (p. 33)
  • Cinco meses: os bebês já são muito mais ativos, por isso jamais devem ser deixados sozinhos sobre o trocador. A interação com os pais aumenta a cada dia.
  • Sete a oito meses: “Agora, a ansiedade com estranhos está no auge – quando os bebês ficam mais conscientes da presença de outras pessoas e agarram-se mais forte do que nunca aos pais para se tranquilizarem. Esse desafio novo tende a dar uma importância nova aos momentos de intimidade (nota da blogueira: como o da troca de fraldas) - uma maneira de se refazer e de ficar pronto para ganhar o mundo!” (p. 36)
  • Dez a doze meses: o bebê está muito mais independente, já pode dar os primeiros passos sozinho. Toda essa autonomia poderá transformar o momento de troca de fraldas num desafio, pois a criança não desejará ficar inerte enquanto o adulto a limpa, por isso é importante fazer desse momento o mais lúdico e cooperativo o possível. Embora seja comum uma certa expectativa em torno do inicio do desfralde, assim que a criança completa seu primeiro ano de vida, o autor desaconselha essa atitude: “Alguns consideram que os pais na nossa cultura poderiam começar mais cedo (nota da blogueira: antes dos 2 anos de idade) e ter êxito. Com frequência podem estar certos. Mas, no primeiro ano, não há como saber quais crianças terão êxito e quais não. Algumas não estarão prontas para essa abordagem precoce, e os fracassos podem ser humilhantes para elas. Esses fracassos – quando as crianças são pressionadas antes de estarem prontas para terem êxito – tendem a resultar em problemas sérios mais tarde como a constipação, falta de flexibilidade dos movimentos intestinais e enurese.” (p. 39)
  • Dezoito meses: “A emoção de caminhar e de ser independente é tão avassaladora para uma criança que esse certamente não é o momento de os pais esperarem que ele tenha qualquer interesse em se sentar onde quer que seja – especialmente no vaso sanitário.” (p. 39)
Por volta dos dois anos de idade a criança começa a demonstrar interesse pelo uso do vaso sanitário, procurando, por exemplo, imitar os pais quando os veem fazendo uso do toalete. Esse pode ser um bom sinal de que a criança poderá começar o treino do esfíncter. O autor descreve sete sinais de maturidade da criança para o uso do toalete (pp. 41- 44). E alerta para o fato de que o processo de desfralde só deverá ser iniciado quando a criança demonstrar todos esses sete sinais. Eles são:
  • 1) Ela não está tão excitada por caminhar ou ficar de pé o tempo todo. Ela já fez progressos aos caminhar, se equilibrar e até mesmo correr. E agora já começa a ficar mais interessada em permanecer sentada pra usar os dedos e fazer coisas interessantes com eles: desenhar, pintar, modelar massinha, usar os talheres e... sentar no penico para fazer xixi.
  • 2) As crianças já têm linguagem receptiva. Ou seja, compreendem as palavras que escutam. E também são capazes de lembrar aquilo que os adultos lhe dizem e traduzir os comandos dados por eles em ação. Por exemplo: “Vá ao seu quarto e traga um livro para lermos juntos”. Ou “Vamos ao banheiro fazer xixi”.
  • 3) Ela pode dizer: “Não!” Em outras palavras, ela precisa da capacidade para tomar suas próprias decisões acerca de estar pronta ou não. Não a pressione antes que ela saiba como lhe dizer se está pronta. Quando ela puder protestar com palavras ao sentir necessidade de defender a sua vontade será capaz de sentir que ficar sem as fraldas é algo seu.
  • 4) Ela começará a colocar as coisas no lugar delas. A criança já é capaz de ajudar a guardar objetos, como os seus brinquedos, no seu lugar adequado, e também a identificar os proprietários de cada coisa: o que pertence ao papai, à mamãe, ao irmão... e também será capaz de compreender o penico como um lugar adequado para os seus “produtos”.
  • 5) Ela imita o seu comportamento. O interesse e a capacidade de imitar os gestos e atitudes dos pais ou de outras crianças mais velhas é um incentivo precioso para que a criança vá usar o vaso “como a mamãe e o papai”. Em função das crianças dessa idade observarem tão minuciosamente o comportamento dos adultos, elas já sabem como os adultos lidam com o xixi e o cocô, e querem muito ser iguais a eles, A pressão  direta para que usem o sanitário, por tanto, não apenas é desnecessária, como também pode fazer as coisas parecerem desesperadoras.
  • 6) A criança começa a urinar e a ter movimentos intestinais em horários mais regulares. Pode, por exemplo, sempre urinar ou evacuar após as refeições. Ou acordar seca após as sonecas.
  • 7) Ela se conscientiza do próprio corpo. Devido à maior consciência corporal, a criança poderá começar a avisar quando quer fazer ou está fazendo cocô ou xixi, pode avisar ou sentir-se incomodada com as fraldas molhadas, começa a nomear as partes do corpo e suas funções.
Assim como há os sinais de que a criança tem maturidade para iniciar o processo de treino de esfíncter, também há os sinais de que a criança NÃO está pronta para o desfralde (p. 50). Uma criança não está pronta se ela:
  • 1) fica no penico e depois faz xixi no chão.
  • 2) não quer que sua fralda seja tirada, gritando e lutando quando os pais o tentam.
  • 3) tira as fraldas e então faz cocô no chão.
  • 4) pavoneia-se ao redor com passos largos e, então, senta-se com as fraldas cheias de cocô. Ela não parece desconfortável, mas jubilosa.
  • 5) sai para se esconder em um canto ou em um armário, onde possa ser escutada resmungando enquanto faz cocô.
  • 6) diz “não, não, não” se os pais comentam que ela parece estar pronta para fazer cocô.
  • 7) mostra resistência para usar o penico ou a privada.
FONTE:
Extraído, resumido e adaptado por Taicy Ávila do livro: BRAZELTON, T. B; SPARROW, J. D. . Tirando as fraldas: o método Brazelton. Porto Alegre: Artemed. 2005.

sexta-feira, 23 de março de 2012

BRINCAR COM BONECO PODE AJUDAR AS CRIANÇAS NO DESFRALDE


A brincadeira de faz de conta é o meio natural pelo qual as crianças experimentam novos papéis no seu desenvolvimento: nela as crianças imitam os modelos de comportamentos que veem, testam novas habilidades e podem expressar seus medos e insegurança. Porém, elas podem fazer isso tudo em meio a um ambiente lúdico e confortável.
Usar um boneco ou um bichinho numa brincadeira de faz de conta envolvendo o desfralde pode dar à criança uma oportunidade de mostrar sinais de interesse, prontidão e habilidade para o processo de desfralde. Também durante a brincadeira a criança pode treinar as suas habilidades, pensamentos e linguagem em relação ao processo de desfralde, sem que a atenção e a pressão sejam colocadas sobre ela.
Seguem aqui algumas dicas para que essa brincadeira possa ajudar o seu filho(a) no processo de desfralde:
·        Escolhendo o boneco: Escolha um boneco de pelúcia, pano ou outro material com o qual seu filho(a) goste de brincar, que se assemelhe a um bebê e do qual você possa tirar e colocar fraldas. Já existem no mercado bonecas que até fazem xixi, no entanto, você não precisa comprar nenhum boneco caro para este fim. Se o boneco preferido do seu filho(a) não tem fraldas, você pode colocar uma das fraldas descartáveis do seu filho nele, ou improvisar algumas fraldas de brinquedo com retalhos de tecido ou TNT. (Nota da blogueira: Aqui em casa nós escolhemos usar o boneco “Astolfinho”, da Turma do Cocoricó, que meu filho já tinha, pois esse é o seu programa favorito de TV).
·        Escolhendo o boneco e começando a brincadeira: proponha ao seu filho(a) brincar de trocar as fraldas do boneco. “Eu acho que o/a (nome do bichinho) está com a fralda molhada! Vamos trocá-la?” Se o seu filho(a) se interessar por essa brincadeira, deixe-o brincar de trocar as fraldas do boneco algumas vezes, e ajude-o se ele pedir. Depois que já tiver introduzido o conceito de trocar fraldas, você poderá apresentar a ideia do bichinho usar o penico. “O/a (nome do boneco) não gosta nada de ficar molhado! Você não acha que ele já pode usar o peniquinho para fazer xixi e cocô, agora que já está crescido(a)?” Então brinque com a criança de levar o boneco para usar o penico. Você também poderá propor que o boneco use calcinhas ou cuecas infantis, iguais às do seu filho(a).
·        Escolhendo o “troninho”: Você também pode aproveitar a brincadeira para envolver o seu filho na compra e escolha do modelo de troninho que ele irá usar. Leve o seu filho com o boneco até a loja, encoraje-o a deixar o boneco sentar no troninho para experimentá-lo, e depois estimule seu filho a fazer o mesmo. Vale lembrar que para a criança que está começando o processo de desfralde a cadeirinha ou troninho pode ser mais confortável e segura do que o assento redutor no vaso sanitário. Ele também apresenta outras vantagens, tais como: permitir que seja transportado para outros cômodos da casa, caso seja preciso; permitir que o adulto sente-se no vaso sanitário enquanto a criança estiver no troninho, fornecendo-lhe um modelo a ser imitado; a criança pode alcança-lo sozinha, sem necessitar da ajuda de um adultos ou do apoio de um banco para alcançar o vaso sanitário de tamanho normal.
·        “Treine” o boneco: ao propor essa brincadeira ao seu filho(a), repita nela todos os passos que a criança precisará fazer quando ela mesma for usar o banheiro. Depois de alimentar ou dar de beber ao boneco diga que ele está com vontade de usar o banheiro. Leve-o com a criança, tire a sua fralda/cueca/calcinha. Sente-o no penico. Converse com ele para que faça xixi/cocô. Depois que o boneco fizer xixi elogie, bata palmas, diga que ele já está crescido e você está orgulhoso dele. Então limpe-o, despeje o xixi no vaso sanitário, diga tchau a ele e dê a descarga. Por fim, lave as mãos do boneco. Tudo isso no faz de contas, porém usando os mesmo materiais e locais que você usará no desfralde da criança de verdade!
·        Mantenha o diálogo durante o processo: se durante o processo de desfralde seu filho mostrar resistências, medos ou recaídas, encare de modo natural, e use o diálogo e a brincadeira com o boneco para também conversar sobre o assunto. Se o xixi vazou durante a noite, se a criança não conseguiu chegar a tempo no peniquinho e molhou-se, se a criança não conseguiu segurar o xixi na escola... o boneco dela também poderá experimentar essas mesmas dificuldades na brincadeira de faz de conta!
FONTE:
Extraído, resumido e adaptado por Taicy Ávila do livro: WARNER, Penny; KELLY, Paula. Tirando a fralda sem choro e sem trauma. São Paulo: Gound. 2008